Um circo. Quem gosta de faturar com a desgraça alheia não pode ter deixado passar a oportunidade: as eleições estaduais e federais no Brasil este ano foram uma palhaçada do pior mau gosto. Começou pelos presidenciáveis que polarizaram grande parte da atenção no país: Dilma Rousseff e José Serra. Pelo pouco que acompanhei do fuzuê, parece que Serra iniciou os ataques, em grande parte compostos de nonsenses tão imbecis, mas tão imbecis, que segmentos inteiros da população entraram na onda. Basta ver a quantidade de evangélicos que saíram espalhando por aí que Dilma iria regular e restringir suas atividades religiosas; recados do Orkut, mensagens no Twitter, caixas de entrada e spam nos e-mails de cada internauta brasileiro açularam as bestas de plantão, que caíram fácil nas redes de engenharia social de trolls variados (evangélicos, militantes ou não).
Aqui no Rio Grande do Norte, votei apenas pros deputados federal e estadual; nenhum senador merecia meu voto, e não me senti à vontade pra votar nos candidatos a governador, de modo que anulei meu voto pra esses cargos. Para presidente, votei em Dilma nos dois turnos. E, em perfeita sintonia, o circo também rolou aqui no Estado: tive a infeliz oportunidade de conferir de camarote, ali no Relógio de Sol da Via Costeira (em Natal), a galera entupindo a avenida de carros e comemorando a vitória de uma das senadoras menos produtivas da Federação. Sinceramente, eu não esperava que os outros candidatos, em especial Iberê e Carlos Eduardo, vencessem o pleito; mas não contava que o processo se definisse tão rápido.
Voltando ao panorama nacional: mencionei apenas o caso de Serra por assumir meu receio generalizado do que a candidatura dele representou. Porém, para meu desapontamento Dilma também entrou no circo. Não que eu nutra simpatia pelo PT ou pela figura histórica dela, mas porque, tendo sincera esperança de votar nela pra continuar as melhorias do governo Lula, sabia que ela estava arriscando demais o próprio couro revidando mr. Burns com disparates em níveis tão baixos. E não tem a ver com moralismo barato; embora eu discorde de Maquiavel a respeito do divórcio entre moral e política, concordo com ele em que a construção de uma boa imagem para o governante - ou seja, o "márquetis" político - é importante para que ele seja admirado pelos governados, o que, no caso de Dilma, influenciará sensivelmente em seu desempenho como futura presidente.
Como se não bastassem as apurações do segundo turno nas eleições presidenciais - e por que bastariam? -, uma usuária do Twitter conseguiu atrair para si as atenções do país inteiro, demonstrando inconseqüentemente sua raiva contra os nordestinos (ela é paulista). O caso parou na OAB, a menina deletou a conta que tinha na rede social e criou outra, mas não adiantou. O cabaré ainda tá pegando fogo, e não tenho idéia de quando os flames vão aquietar. Do jeito que as eleições passaram, os adversários políticos de Dilma vão passar os quatro anos de mandato sempre alertas, prontos pra desferir voadoras com os dois pés nos peitos dela, seus aliados e, por tabela, beneficiados diretos e indiretos dos programas sociais que ela, espero, mantenha (e reformule). Até 2014, é bem provável que mais trolls apareçam e espalhem boatos a torto e a direito, inaugurando mais um capítulo da história.
Tudo isso escrito, você, que leu e não entendeu muita coisa: não se preocupe, é que tô atordoado com a cretinice fora de série que atraiu parte de minha atenção nesses últimos meses. (Só não reparei em tudo porque tenho uma monografia pra escrever, uma seleção de mestrado pra participar, e ainda tem o vício da net que me atrapalha.) No fim das contas, Dilma venceu; espero que o governo dela seja o melhor possível - diferentemente do governo do RN, porque não espero boa coisa de uma mulher filiada ao DEM. Só que, daqui em diante, meu ceticismo quanto às instituições políticas brasileiras vai crescer de maneira mais ou menos acelerada. Daqui a um tempo, a probabilidade de votar nulo ou de não comparecer pura e simplesmente às urnas será maior. E, se a coisa piorar de vez, vou tratar de ir atrás de uma passagem pra fora de Pasárgada...
Aqui no Rio Grande do Norte, votei apenas pros deputados federal e estadual; nenhum senador merecia meu voto, e não me senti à vontade pra votar nos candidatos a governador, de modo que anulei meu voto pra esses cargos. Para presidente, votei em Dilma nos dois turnos. E, em perfeita sintonia, o circo também rolou aqui no Estado: tive a infeliz oportunidade de conferir de camarote, ali no Relógio de Sol da Via Costeira (em Natal), a galera entupindo a avenida de carros e comemorando a vitória de uma das senadoras menos produtivas da Federação. Sinceramente, eu não esperava que os outros candidatos, em especial Iberê e Carlos Eduardo, vencessem o pleito; mas não contava que o processo se definisse tão rápido.
Voltando ao panorama nacional: mencionei apenas o caso de Serra por assumir meu receio generalizado do que a candidatura dele representou. Porém, para meu desapontamento Dilma também entrou no circo. Não que eu nutra simpatia pelo PT ou pela figura histórica dela, mas porque, tendo sincera esperança de votar nela pra continuar as melhorias do governo Lula, sabia que ela estava arriscando demais o próprio couro revidando mr. Burns com disparates em níveis tão baixos. E não tem a ver com moralismo barato; embora eu discorde de Maquiavel a respeito do divórcio entre moral e política, concordo com ele em que a construção de uma boa imagem para o governante - ou seja, o "márquetis" político - é importante para que ele seja admirado pelos governados, o que, no caso de Dilma, influenciará sensivelmente em seu desempenho como futura presidente.
Como se não bastassem as apurações do segundo turno nas eleições presidenciais - e por que bastariam? -, uma usuária do Twitter conseguiu atrair para si as atenções do país inteiro, demonstrando inconseqüentemente sua raiva contra os nordestinos (ela é paulista). O caso parou na OAB, a menina deletou a conta que tinha na rede social e criou outra, mas não adiantou. O cabaré ainda tá pegando fogo, e não tenho idéia de quando os flames vão aquietar. Do jeito que as eleições passaram, os adversários políticos de Dilma vão passar os quatro anos de mandato sempre alertas, prontos pra desferir voadoras com os dois pés nos peitos dela, seus aliados e, por tabela, beneficiados diretos e indiretos dos programas sociais que ela, espero, mantenha (e reformule). Até 2014, é bem provável que mais trolls apareçam e espalhem boatos a torto e a direito, inaugurando mais um capítulo da história.
Tudo isso escrito, você, que leu e não entendeu muita coisa: não se preocupe, é que tô atordoado com a cretinice fora de série que atraiu parte de minha atenção nesses últimos meses. (Só não reparei em tudo porque tenho uma monografia pra escrever, uma seleção de mestrado pra participar, e ainda tem o vício da net que me atrapalha.) No fim das contas, Dilma venceu; espero que o governo dela seja o melhor possível - diferentemente do governo do RN, porque não espero boa coisa de uma mulher filiada ao DEM. Só que, daqui em diante, meu ceticismo quanto às instituições políticas brasileiras vai crescer de maneira mais ou menos acelerada. Daqui a um tempo, a probabilidade de votar nulo ou de não comparecer pura e simplesmente às urnas será maior. E, se a coisa piorar de vez, vou tratar de ir atrás de uma passagem pra fora de Pasárgada...
Um comentário:
Nessas eleições a luta pelo poder superou a luta de idéias e ideais. Nenhum dos candidatos era bom. O eleitor só tinha que decidir entre continuar do jeito que está, ou mudar tudo.
Preferiram continuar como está. Quem ganhou não foi a Dilma, foi a continuidade do governo atual.
Um abraço, @AnonimoFamoso.
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