Sexta-feira, 30 de novembro do ano corrente (1), III Encontro Natalense de Escritores, lá ia eu doido pra pegar um autógrafo (2) com Ignácio de Loyola Brandão e conferir o que ele, juntamente com Washington Novaes, tinha a falar. Ambos brindaram a - infelizmente não tão grande - platéia com o tópico de debate, que era o romance "Não Verás País Nenhum", do escritor araraquarense. Uma distopia (3) na qual faltava água potável (a reciclagem de urina e dessalinização da água do mar como alternativa), o calor era infernal, o planeta já bastante engolido pela água... Isso num tempo que debates sobre meio ambiente eram excentricidade. Aí entra em cena o jornalista, pontuando alguns trechos do romance e os concatenando com desastres ambientais e sociais da história recente. Dá o que pensar - e não é pouca coisa...
Pois bem: durante o bate-bola, veio a minha memória a figura de Richard Rorty. O filósofo norte-americano, morto em junho do ano passado, apostava na literatura como teoria social, em vez de conceitos filosóficos; ele próprio era professor de literatura comparada em Yale. Em Contingência, Ironia e Solidariedade, ele dedicou dois capítulos a Vladimir Nabokov e George Orwell, além de abordar Marcel Proust num capítulo em que estavam também presentes Nietzsche e Heidegger; lembro também de haver lido um ensaio juntando Heidegger, Kundera e Dickens (no Ensaios sobre Heidegger e outros). Entusiasmado, comecei a elaborar uma pergunta a respeito da literatura recente, se Ignácio ou Washington poderiam sugerir algumas leituras distópicas que seguissem na mesma linha. Queria perguntar outras coisas mais, só que não clareei as idéias a tempo de entrar no debate, mesmo porque pensava que a platéia pudesse lançar diretamente as questões. Me enganei.
Quando todo mundo se picou, ficaram uns gatos pingados para as fotos e autógrafos com os convidados da noite. Tirei meu exemplar d'O Ganhador da bolsa, passei para o autor, ele autografou e perguntou se a fala dele não havia sido enfadonha. Respondi que não. Tava quase lamentando a não-participação no debate e pensei: ora, daqui a dois meses não haverá o Fórum Social Mundial em Belém do Pará (4)? Não haverá discussões mais amplas e exaustivas sobre o tema? Tratei de sair da tenda onde estávamos e fui ver a galera lá fora, em frente ao palco musical.
(1) Se tiver quaisquer dúvidas sobre o ano desta postagem, confira a lista completa de postagens neste blog. =D
(2) É bom adquirir certas lembranças sem cair no hábito ridículo da tietagem.
(3) Como expliquei a meu colega Igor, que estava a meu lado no momento da palestra: distopia é o oposto de utopia.
(4) Normalmente as pessoas (eu incluso) esquecem que há duas cidades brasileiras com esse nome: uma no Pará e outra na Paraíba.
Pois bem: durante o bate-bola, veio a minha memória a figura de Richard Rorty. O filósofo norte-americano, morto em junho do ano passado, apostava na literatura como teoria social, em vez de conceitos filosóficos; ele próprio era professor de literatura comparada em Yale. Em Contingência, Ironia e Solidariedade, ele dedicou dois capítulos a Vladimir Nabokov e George Orwell, além de abordar Marcel Proust num capítulo em que estavam também presentes Nietzsche e Heidegger; lembro também de haver lido um ensaio juntando Heidegger, Kundera e Dickens (no Ensaios sobre Heidegger e outros). Entusiasmado, comecei a elaborar uma pergunta a respeito da literatura recente, se Ignácio ou Washington poderiam sugerir algumas leituras distópicas que seguissem na mesma linha. Queria perguntar outras coisas mais, só que não clareei as idéias a tempo de entrar no debate, mesmo porque pensava que a platéia pudesse lançar diretamente as questões. Me enganei.
Quando todo mundo se picou, ficaram uns gatos pingados para as fotos e autógrafos com os convidados da noite. Tirei meu exemplar d'O Ganhador da bolsa, passei para o autor, ele autografou e perguntou se a fala dele não havia sido enfadonha. Respondi que não. Tava quase lamentando a não-participação no debate e pensei: ora, daqui a dois meses não haverá o Fórum Social Mundial em Belém do Pará (4)? Não haverá discussões mais amplas e exaustivas sobre o tema? Tratei de sair da tenda onde estávamos e fui ver a galera lá fora, em frente ao palco musical.
(1) Se tiver quaisquer dúvidas sobre o ano desta postagem, confira a lista completa de postagens neste blog. =D
(2) É bom adquirir certas lembranças sem cair no hábito ridículo da tietagem.
(3) Como expliquei a meu colega Igor, que estava a meu lado no momento da palestra: distopia é o oposto de utopia.
(4) Normalmente as pessoas (eu incluso) esquecem que há duas cidades brasileiras com esse nome: uma no Pará e outra na Paraíba.
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