sábado, 12 de setembro de 2009

O macho está morto

Que beleza! Sim, estou mortinho da silva. Mas sou apenas uma parte do assunto. Leio aqui no Yahoo! um texto de Xico Sá, no qual explica a defasagem cada vez maior dos homens em relação às mulheres. Apoiado nas pesquisas de um jovem economista norte-americano, o escritor declara: "Diante dos últimos estudos científicos, arrazoados econômicos e observações particularíssimas, creio só nos restar uma saída: a retomada da nossa vocação medieval e agropastoril". Logo eu, que fui criado à base de computadores, programação, libertinagem e a imaginação de um escritor canadense!


A tônica do texto é descontraída, e talvez fosse melhor eu rir minha não-risada e ficar na minha. Mas ocorreu que pudesse brincar um pouco de ser filósofo e observar, em minha brilhante estupidez: se Nietzsche matou o homem e Foucault, o sujeito (e lá vêm os comentadores pra me matar de porrada por ter escrito isso; trabalho perdido, pois estou morto, já disse!), por que não posso afirmar, embora não com conhecimento de causa, que o macho está morto? Mas aí eu me lembro dos transsexuais, e divago: ué, mas isso já aconteceu faz tempo; cada vez mais há serviços de acompanhamento psicológico para eles, quando vão procurar um cirurgião pra mudar de sexo. Ou seja, não só pra matar a cobra como jogar o pau fora o mais longe da vista. Isso, aliás, já acontece desde antes a morte do sujeito presente nos textos de Foucault. Ou seja: alguém aqui está chovendo no molhado.


E o que aconteceu? Depois que Nietzsche matou Deus (na verdade, Sade o fez antes dele), ainda há devotos a torto e a direito. Após Foucault pedir pra gente ignorar o sujeito como ficção – ou seja, não só o sujeito está morto como simplesmente nunca existiu; depois ele escreve O sujeito e o poder pra dizer exatamente o contrário, que foi precisamente o sujeito o objeto de sua pesquisa -, ainda há quem acredite nesse conceito, oferecendo reformulações. E quanto ao macho? Ah, camaradas, não se preocupem: o que nossas mulheres (e as dos outros) querem é que nos tornemos gigolôs delas. Nada mais justo do que a retaliação por milhares de anos sob nosso jugo, não acham? Mas elas ainda precisarão de nós, nem que seja pra fornecer o sêmen para inseminações artificiais e anônimas!


P.S. Agradeço a Lázaro pela revisão tosca na parte filosófica.

Um comentário:

Cristiano Contreiras disse...

Muito conceitual e bem feito esta sua blogsfera, parabéns!

Baú de traças